PSICOTERAPIA

A psicoterapia é a única forma de terapia que existe. Dado que só a mente pode estar doente, só a mente precisa de cura. Parece não ser assim, uma vez que as manifestações deste mundo, na verdade, aparentam ser reais. A psicoterapia é necessária para que um indivíduo possa começar a questionar a realidade dessas manifestações. Por vezes, ele é capaz de começar a abrir a mente sem qualquer ajuda particular, mas, quando assim é, isso sempre decorre de algum tipo de mudança na percepção das relações interpessoais. Outras vezes, é necessária uma relação mais estruturada e prolongada com um terapeuta «oficial». Em qualquer da duas vias, a tarefa é a mesma: o paciente tem de ser ajudado para que mude de opinião sobre a realidade das ilusões.



. O PROPOSITO DA PSICOTERAPIA
– Muito simplesmente, o propósito da psicoterapia é eliminar as resistências à verdade. O objectivo dela é ajudar o paciente a abandonar o seu sistema fixo de auto-engano e começar a reconsiderar a falsa relação de causa/efeito sobre a qual assenta. Neste mundo ninguém escapa ao medo, mas toda a gente pode reconsiderar as suas causas e aprender a avaliá-las correctamente. Deus concedeu-nos um Professor cuja Sabedoria e Ajuda ultrapassa qualquer contribuição que um terapeuta mundano possa providenciar. No entanto, há certas ocasiões e situações nas quais uma relação mundana paciente/terapeuta se transforma no meio através do qual Ele oferece, a ambos, os seus maiores dons.
– Que melhor propósito poderia ter qualquer relação do que convidar o Espírito Santo a santificá-la e a oferecer-lhe o Seu Próprio dom de Alegria? Que objectivo mais elevado poderia alguém ter do que aprender a chamar Deus e a ouvir a Sua Resposta? E que intenção mais transcendente pode haver do que relembrar o Caminho, a Verdade e a Vida, e recordar Deus? Ajudar neste sentido é o propósito da Psicoterapia. Que outra coisa poderia ser mais santa? Porque a Psicoterapia, correctamente entendida, ensina o perdão e ajuda o paciente a reconhecê-lo e a aceitá-lo. E, na cura do paciente, o terapeuta é perdoado juntamente com ele.
– Todo aquele que necessita de ajuda, seja qual for a forma do seu sofrimento, está promovendo um ataque a si mesmo, pelo que a paz da sua mente não pode deixar de ser posta em causa. Estas tendências são, com frequência, descritas como -autodestrutivas-, e o paciente, frequentemente, também as considera assim. Do que ele não se dá conta e o que necessita de aprender é que isso, que pode ser destruído, que pode atacar e ser atacado, é um conceito que ele próprio engendrou. E mais: ele respeita-o, defende-o e, por vezes, chega até a desejar -sacrificar- a sua -vida- por ele, pois considera-o como a sua própria identidade. É esta a -identidade- que ele vê a ser incitada, a reagir a forças externas e sente indefesa face ao poder do mundo.
– Portanto, a Psicoterapia, tem de restaurar, na consciência do paciente, a capacidade dele tomar as suas próprias decisões. Tem de sentir vontade de alterar o seu pensamento e compreender que aquilo que ele julgava que projectava os seus efeitos sobre si, foi criado pelas suas próprias projecções sobre o mundo. O mundo que vê, portanto, não existe. Até que isto seja aceite, pelo menos em parte, o paciente não pode ver-se a si mesmo como sendo capaz de tomar decisões. E lutará contra a sua liberdade acreditando que é escravidão.
– O paciente não precisa de pensar na verdade e de a identificar com Deus para fazer progressos na salvação. Tem, no entanto, de começar a separar a verdade da ilusão, reconhecendo que não são o mesmo, e cada vez mais desejar ver as ilusões como falsas, assim como aceitar a verdade como autêntica. O Seu Professor levá-lo-á desde este ponto inicial até onde o paciente esteja disposto a ir. A Psicoterapia só pode poupar-lhe tempo. O Espírito Santo utiliza o tempo como considera oportuno e Ele nunca se engana. A Psicoterapia, desde que sob a sua direcção, é um meio que Ele utiliza para poupar tempo e para preparar outros professores para o seu trabalho. Não há um fim para a ajuda que Ele começa e dirige. Não importam os caminhos que Ele escolha, pois, no final, toda a sua psicoterapia conduz a Deus. Essa é a Sua atribuição. Todos somos Seus psicoterapeutas, porque, desta forma, Ele curar-nos-á a todos no seu seio.

O PROCESSO DA PSICOTERAPIA

Introdução
A psicoterapia é um processo que muda a percepção que alguém tem sobre si mesmo. No melhor dos casos, este novo -si mesmo- é um conceito de si mesmo mais benéfico, embora não deva esperar-se que a psicoterapia estabeleça a realidade. Essa não é a sua função. Se propõe um caminho para a realidade, terá alcançado o seu mais elevado e último êxito. Em última análise, a sua função é ajudar o paciente a tratar um erro fundamental: a crença em que o desgosto lhe trás alguma coisa que ele realmente deseja e que, ao justificar o ataque, está a proteger-se a si mesmo. Será salvo na medida em que compreenda que isto é um erro.

Os pacientes não entram numa relação terapêutica tendo este objectivo em mente. Pelo contrário, este conceito tem pouco significado para eles; se tivesse, não precisariam de ajuda. A intenção que trazem é a de serem capazes de manter o seu autoconceito tal como está, mas sem o sofrimento que isso acarreta. O seu equilíbrio repousa na crença doentia em que isto é possível. E, uma vez que para uma mente saudável tal coisa é claramente impossível, é evidente que vêem em busca de magia. Nas ilusões o impossível é facilmente alcançável, mas somente à custa de tornar reais as ilusões. O paciente já pagou este preço. Agora, quer uma ilusão melhor.

No início, portanto, os interesses do paciente e do terapeuta estão divididos. Tanto o terapeuta como o paciente, podem acalentar falsos autoconceitos, mas as suas respectivas percepções de -melhoras-, pelo menos, têm de ser diferentes. O paciente espera aprender como conseguir as mudanças que pretende sem alterar o seu autoconceito. De facto, espera estabilizá-lo o suficiente para incluir nele os poderes mágicos que espera encontrar na psicoterapia. Quer fazer com que o vulnerável seja invulnerável e que o finito seja infinito. O -eu- que vê é o seu deus e anseia, unicamente, servi-lo melhor.

Independentemente de quão sincero o terapeuta possa ser, ele decerto quererá mudar o conceito que o paciente tem sobre si mesmo, através de alguma forma que ele, terapeuta, considere real. A tarefa da psicoterapia é reconciliar estas diferenças. Felizmente, ambos aprenderão a abandonar as suas intenções iniciais, uma vez que só através das relações se acha a salvação. No início, é inevitável que paciente e terapeuta afins aceitem objetivos totalmente livres de implicações mágicas. Mas, no final, todos esses objetivos são abandonados em ambas as mentes.

I. OS LIMITES NA PSICOTERAPIA

O resultado ideal raramente é alcançado. A terapia começa com a compreensão de que o que tem de ser curado é a mente, e, em psicoterapia, aqueles que já creem nisso, sempre acabam por se encontrar. Pode acontecer que não vão muito mais longe, uma vez que ninguém aprende nada que esteja para além da sua disponibilidade. Todavia, os níveis de disponibilidade mudam, e quando paciente e terapeuta passam ao nível seguinte, uma nova relação lhes é oferecida para satisfazer essa necessidade de mudança. Talvez se juntem de novo e avancem na mesma relação, tornando-a mais santa. Ou, talvez, cada um deles comece um novo compromisso. Mas de uma coisa podem estar certos: ambos progrediram. O retrocesso é, apenas, temporal. A trajetória principal dirige-se sempre para a verdade.

A psicoterapia, em si, não é criativa. Este é um dos erros que o ego costuma fomentar: o de que é capaz de realizar um mudança autêntica e, portanto, de ser verdadeiramente criativo. Não é isto que queremos dizer com -a ilusão salvadora- ou -o sonho final-, mas esta é a última defesa do ego. A -resistência- é a sua forma de ver as coisas, é a sua interpretação de progresso e de crescimento. Estas interpretações estão erradas, porque são falsas. As mudanças que o ego tenta realizar não são reais. São, porventura, sombras mais profundas, ou talvez padrões de nuvens diferentes. Todavia, o que está feito de nada não pode ser considerado novo e diferente. As ilusões, ilusões são; a Verdade, é a Verdade.

A resistência, tal como foi aqui definida, pode ser uma característica quer do terapeuta, quer do paciente. Em qualquer dos casos, a resistência estabelece um limite na psicoterapia porque restringe os objetivos dela. O Espírito Santo não pode lutar contra as intrusões do ego no processo terapêutico. Mas Ele esperará, e a sua paciência é infinita. O objectivo Dele é, sempre, indivisível. Não importa a quantidade de resoluções que paciente e terapeuta adotem, fiéis aos seus interesses divergentes; jamais poderão pôr-se de acordo mutuamente até que se unam com Ele. Só então todos os conflitos são superados, uma vez que só então se pode ter a certeza.

A psicoterapia ideal é uma série de encontros santos, nos quais dois irmãos se abençoam mutuamente e recebem a paz de Deus. Um dia, assim acontecerá com todos os -doentes- da Terra, porque quem é que, excepto um doente, poderia ter vindo até aqui? O terapeuta é somente um professor de Deus, ligeiramente mais especializado. Aprende através do seu ensino e, quanto mais avançado está, mais ensina e aprende. Mas, independentemente do nível em que se encontre, há pacientes que precisam dele, tal como é e está nesse momento. Por agora, eles não podem receber mais do que podem dar. Todavia, no final, ambos encontrarão a serenidade.

II. O LUGAR DA RELIGIÃO NA PSICOTERAPIA

Ser um professor de Deus não significa necessariamente ser religioso ou crer em Deus, seja de que forma for. É necessário, pelo contrário, ensinar o perdão e não condenar. Mas até nisto não é necessária uma coerência total, porque alguém que tenha chegado a este ponto, pode, num só instante e sem utilizar a palavra, ensinar completamente o que é a salvação. Todavia, quem tenha aprendido tudo não precisa de um professor e quem está curado não precisa de um terapeuta. As relações continuam a ser o templo do Espírito Santo, e serão aperfeiçoadas no tempo e restauradas na Eternidade. A religião formal não tem lugar na psicoterapia, tal como não tem na religião. Neste mundo há uma surpreendente tendência para juntar palavras contraditórias num mesmo termo, sem que se consiga perceber a contradição. Querer formalizar a religião é uma intenção tão obviamente egóica no sentido de reconciliar o irreconciliável que precisa de ser abordada aqui. A religião é experiência, a psicoterapia é experiência. Nos níveis mais altos, ambas se tornam uma. O que será preciso para se encontrar a verdade - a qual permanece perfeitamente óbvia - senão eliminar os aparentes obstáculos que impedem a verdadeira consciência?

Ninguém que aprenda a perdoar pode falhar na sua intenção de recordar Deus. Assim, o perdão é tudo o que precisa de ser ensinado, porque é tudo o que precisa de ser aprendido. Todos os obstáculos à recordação de Deus são formas de ódio, e nada mais. Isto nunca é percebido pelo paciente e só raramente o é pelo terapeuta. O mundo reuniu todas as suas forças contra esta única consciência, porque, nela, repousa o final do mundo e de tudo o que ele representa.

Acaso não é a Consciência de Deus o que constitui uma meta razoável para a psicoterapia? Ela chegará quando a psicoterapia for total, já que, quando há perdão, a Verdade tem de estar presente. Na verdade, seria injusto que a crença em Deus fosse necessária para o êxito da psicoterapia. Sequer a crença em Deus é um conceito muito significativo, dado que Deus só pode ser conhecido. A crença implica que a não-crença é possível, mas o conhecimento de Deus não tem opostos. Não conhecer Deus é não possuir o conhecimento, e é a isto que o ódio conduz. E, sem conhecimento, só se pode crer.

Diferentes ensinamentos ajudam a chamar diferentes pessoas. Algumas formas de religião nada têm que ver com Deus, tal como algumas formas de psicoterapia nada têm que ver com a cura. Mas se o aluno e o professor se unirem para compartilhar uma só meta, Deus entrará nessa relação porque Ele terá sido convidado a entrar. Da mesma forma, esse acordo acerca da intenção restaura o lugar de Deus, primeiro através da visão de Cristo, depois através da memória do próprio Deus. O processo da psicoterapia é o retorno à serenidade O professor e o aluno, o terapeuta e o paciente, estão todos loucos ou não estariam aqui. Juntos podem encontrar uma via de saída, porque ninguém chegará à serenidade sozinho.

Se a cura é um convite de Deus para entrar no Seu Reino, que importância pode ter a forma como está escrito o convite? Acaso importa o papel, a tinta ou a caneta? Ou é Quem escreve o convite? Deus virá até àqueles que restaurem o Seu Mundo porque encontraram a forma de O chamar. Se duas pessoas se juntam, Ele tem de estar presente. Não importa qual seja o propósito delas, embora tenham de compartilhá-lo totalmente para o alcançar. É impossível compartilhar um objectivo não abençoado por Cristo, porque o que Ele não vê está demasiado fragmentado para fazer sentido.

Como só a verdadeira religião cura, a psicoterapia tem de ser religiosa. Mas ambas adotam formas diferentes, dado que nenhum bom professor usa a mesma técnica com todos os alunos. Pelo contrário, ouve pacientemente cada um deles e permite que seja o aluno a formular o seu próprio plano de aprendizagem; não o objectivo do plano de aprendizagem, mas como pode alcançar mais facilmente a meta a que se propôs. Talvez o psicoterapeuta não compreenda que a cura provem de Deus. Todavia, eles podem triunfar onde muitos, que crêem ter encontrado Deus, fracassaram.

O que é que o professor tem de fazer para assegurar o ensinamento? O que é que o terapeuta tem de fazer para conseguir a cura? Apenas uma coisa: o mesmo que a salvação requer de qualquer pessoa. Todos temos de compartilhar um objectivo com alguém e, assim, perder qualquer sentimento de interesses separados. Só fazendo isto é possível transcender os estreitos limites que o ego impõe à consciência. Só fazendo isto pode o professor e o aluno, o terapeuta e o paciente, tu e eu, aceitar a Expiação tal como foi recebida.

A comunhão é irrealizável solitariamente. Ninguém que permaneça separado pode receber a visão de Cristo. Ela é-lhe oferecida com ambas as mãos, mas a pessoa não pode, sequer, abrir uma delas para a receber. Ela permite-lhe permanecer em silêncio e, na necessidade do seu irmão, reconhecer a sua própria, bem como descobrir que ambos se conhecem como um só, porque um é o que são. O que é a religião senão uma ajuda para reconhecer que isto é assim? E o que é a psicoterapia excepto uma ajuda na mesma direção? É o fim que faz com que estes processos sejam similares, porque são um no fim que almejam e, portanto, têm de ser um nos meios de que se servem.

III. O PAPEL DO PSICOTERAPEUTA

O psicoterapeuta é um líder no sentido em que anda ligeiramente à frente do paciente. No caso ideal também é um seguidor, dado que Alguém tem de caminhar à sua frente para lhe iluminar o percurso. Sem esta Ajuda, ambos tropeçariam cega e infinitamente. No entanto, é impossível que Ele não esteja presente quando o objectivo é curar. Todavia, poderá não ser reconhecido. Se assim for, a pequena luz que, então, pode ser aceite é tudo o que há para iluminar o caminho da verdade.

A cura vê-se, assim, travada pelas limitações do psicoterapeuta, embora também seja limitada pelas do paciente. O objectivo do processo é, por conseguinte, transcender esses limites. Ninguém pode fazer isto sozinho, mas, quando se unem, a potencialidade para transcender qualquer limitação é-lhes dada. A partir deste momento, o alcance do seu êxito depende de quanta desta potencialidade desejam utilizar. No início, a vontade pode proceder somente de um deles, mas crescerá à medida em que é compartilhada. O processo converte-se numa questão de decisão: pode chegar perto do Céu ou não se afastar mais do que um passo ou dois do inferno.

É possível que a psicoterapia pareça fracassar. É possível que o resultado pareça um retrocesso. Mas, no final, tem de haver algum progresso. Um pede ajuda; o outro ouve e tenta responder. Esta é a fórmula para a salvação, e tem de curar. Os objectivo divididos nada mais fazem do que interferir com a ajuda perfeita. Um terapeuta totalmente livre do seu ego, poderia curar o mundo sem dizer uma só palavra, unicamente estando ali. Ninguém necessita vê-lo, falar-lhe ou, sequer, saber da sua existência. A sua presença é suficiente para curar.

O terapeuta ideal é uno com Cristo. Mas a cura é um processo, não um facto. O terapeuta não pode progredir sem o paciente e o paciente não pode estar pronto para receber Cristo, senão não estaria doente. Num certo sentido, o psicoterapeuta sem ego é uma abstração que emerge no final do processo de cura, alguém demasiado avançado para crer na doença e demasiado perto de Deus para manter os seus pés na terra. Agora, ele pode ajudar através daqueles que precisam de ajuda, porque, desta forma, leva a cabo o plano estabelecido pela salvação. O psicoterapeuta converte-se no seu paciente trabalhando através de outros pacientes, para expressar os seus pensamentos à medida em que os recebe da Mente de Cristo.

IV. O PROCESSO DA DOENÇA

Tal como qualquer terapia é psicoterapia, qualquer doença é doença mental. O julgamento é uma decisão tomada repetidamente contra a criação e o seu Criador. É uma decisão de perceber o Universo como o terias criado. É a decisão de que a verdade pode mentir. Assim, o que poderá ser a doença senão uma expressão de dor e de culpa? E quem poderia chorar excepto pela sua inocência?

Uma vez que o Filho de Deus se considere culpado, a doença torna-se inevitável. Ela foi pedida e será recebida. E todos os que optaram pela doença condenaram-se a procurar por remédios que não podem ajudá-los, porque puseram a sua fé na doença e não na salvação. Não há nada que não seja afetado por uma mudança de mentalidade, porque todas as coisas externas são apenas as sombras de uma decisão já tomada. Se a decisão muda, como poderia não mudar a sombra? A doença é a sombra da culpa, grotesca e horrível, porque representa a deformidade. Se uma deformidade é vista como real, como poderia ser a sua sombra senão disforme, também?

Uma vez tomada a decisão de que a culpa é real, a descida até ao inferno continua passo a passo, numa caminhada inevitável. A doença, a morte e a miséria invadem a Terra em ondas sucessivas, às vezes juntas, de mãos dadas, outras vezes transformando-se umas nas outras. Mas, por muito real que tal pareça, não passa de uma ilusão. Quem poderá continuar a ter fé nelas desde que se dê conta disto? E quem é que não tem fé nelas enquanto não se dá conta disto? A cura é a terapia ou a correção; já dissemos e repetimos: qualquer terapia é psicoterapia. Curar os doentes é trazer isto à sua consciência.

A palavra -cura- caiu em descrédito entre os mais respeitados terapeutas do mundo por razões óbvias: nenhum deles pode curar e nem um, sequer, compreende o que significa curar. No pior dos casos, tornam o corpo real nas suas mentes e, tendo feito isto, procuram a magia capaz de curar os doentes. Como é que este processo pode curar? É ridículo, do princípio ao fim. Embora tenha tido início, tem de terminar da mesma maneira. É como se Deus fosse o diabo e tivesse de ser encontrado no mal. Como pode haver amor aqui? Como pode a doença curar? E, acaso, estas duas perguntas não são a mesma?

No melhor dos casos, e a palavra aqui é questionável, os -curadores- do mundo podem reconhecer que a mente é a fonte da doença. Mas o erro reside na crença em que ela pode curar-se por si mesma. Isto tem um certo mérito neste mundo onde o termo -níveis de erro- encerra um conceito com significado. Mas tais curas são temporárias, ou surge outra doença, uma vez que a morte não é deixada para trás até que se compreenda o significado do amor. E como podes compreender isto sem a palavra Deus, dada te é dada pelo Espírito Santo como sendo o Seu dom?

Qualquer tipo de doença pode ser definido como o resultado de alguém se ver a si mesmo como débil, vulnerável, mau e em perigo e, portanto, com uma contínua necessidade de defesa. Mas se isto fosse realmente assim, qualquer defesa seria impossível. Por consequência, as defesas procuradas têm de ser mágicas. Estas, têm de superar todos os limites percebidos pela pessoa em si mesma, ao mesmo tempo que criam um novo autoconceito, que o antigo jamais conseguirá recuperar. Numa palavra, o erro é aceite como real e reconhecido pelas ilusões. Trazer a Verdade às ilusões, faz com que se perceba a realidade como uma ameaça e um mal. O amor converte-se em algo temido, porque a realidade é o amor. Assim se encerra o círculo contra os -ataques- da salvação.

A doença, portanto, é um erro que precisa de correção. E, como temos enfatizado, a correção não pode realizar-se começando por estabelecer o lado -correto- do erro e, depois, deixar de lhe dar importância. Se a doença é tida como real, não pode, na verdade, deixar de receber importância, porque desprezar a realidade é demência. Ainda que este seja o objectivo da magia - tornar as ilusões reais graças a uma falsa percepção – ela não pode curar porque se opõe à verdade. Talvez, por um momento, uma ilusão de saúde substitua a doença, mas essa ilusão não será duradoura. O medo não pode ser escondido pelas ilusões durante muito tempo, porque faz parte delas. Ao ser a fonte de todas as ilusões, o medo conseguirá escapar e tomará outra forma.

A doença é uma loucura, porque qualquer doença é doença mental, e nisto não existem graus. Uma das ilusões que faz com que a doença seja percebida como real é a crença em que ela varia em intensidade e que o grau de ameaça que representa difere segundo a forma que adopte. Esta é a base de todos os erros, pois todos eles não passam de tentativas de te comprometer por teres visto um bocadinho do inferno. Isto é uma trapaça tão distante de Deus que sempre será inconcebível. Mas os dementes crêem nela porque são dementes.

Um louco defenderá as suas ilusões porque vê nelas a sua salvação. Desta forma, atacará quem tentar livrá-lo delas por crer que é ele mesmo quem está a ser atacado. Este curioso círculo de defesa-ataque é um dos problemas mais difíceis de tratar pelo psicoterapeuta. O terapeuta é percebido como alguém que ataca a possessão mais apreciada pelo paciente: a sua auto-imagem. E, dado que nessa auto-imagem repousa a segurança do paciente tal como ele a percebe, o terapeuta não pode deixar de ser considerado como sendo a real fonte do perigo, a qual é preciso atacar, senão mesmo aniquilar.
– Em consequência, o psicoterapeuta tem uma tremenda responsabilidade. Tem de congregar o ataque sem ataque e, portanto, sem defesa. A sua tarefa é mostrar que as defesas não desnecessárias e que a indefesa é a força. Tem de ser este o seu ensinamento, se a sua lição procura estabelecer queserenidade é segurança. Nunca será demais repetir que os doentes vêem a serenidade como uma ameaça. Este é o corolário do -peado original-: a crença de que a culpa é real e que está plenamente justificada. Portanto, é função do terapeuta ensinar não só que a culpa, não sendo real, não pode ser justificada, mas também que, sendo esta a natureza dela, a culpa jamais poderá oferecer qualquer espécie de segurança. E, assim, a culpa deve ter tão indesejada, como vista como irreal.

A simples doutrina da salvação é a meta de qualquer terapia. Ao aliviar a mente do demente fardo da culpabilidade que arrasta consigo, a cura torna-se um facto. O corpo não é curado. Apenas é reconhecido por aquilo que é. Visto corretamente, o propósito do corpo pode ser compreendido. Portanto, qual a necessidade de ficar doente? Realizando esta pequena mudança, tudo o mais virá por acréscimo. Não é precisa uma mudança complicada. Não há necessidade de longas análises, nem de desgastadoras discussões. A verdade é simples, por ser igual para todos.

V. O PROCESSO DA CURA

Se bem que a verdade seja simples, tem de ser ensinada àqueles que se perderam em intermináveis enredos de complexidade. Esta é a grande ilusão. Na sua esteira chega a crença inevitável de que, para estar a salvo, deve controlar-se o desconhecido. Esta estranha crença repousa em certos passos que jamais conduzirão à Consciência. Em primeiro lugar, encontramos a convicção de que para estar ou permanecer vivo há que superar certas forças. Depois, parece que essas forças só podem ser dominadas por um desmedido sentido do eu, capaz de manter na obscuridade o que é sentido como certo e capaz de procurar elevar as ilusões ao nível da realidade.

Recordemos que aqueles que vêm até nós à procura de ajuda estão amargamente assustados. Aquilo que eles julgam que ajuda só prejudica. Não há progresso possível até que o paciente aceite corrigir a sua maneira distorcida de ver o mundo; a sua retorcida maneira de ver-se a si mesmo. A verdade é simples. Ainda assim, deve ser ensinada àqueles que se auto-atacam porque se sentem em perigo, e àqueles que, acima de qualquer outra coisa, precisam da lição da indefesa* para lhes mostrar o que é a força.

(*) - N. T.: a lição de que não é preciso criar defesas, pois elas não defendem de coisa nenhuma.

Se este mundo fosse ideal, talvez pudesse haver uma terapia ideal. Ainda assim, seria desnecessária neste mundo ideal. Falamos de um ensinamento ideal, num mundo em que o professor ideal não podia permanecer. O psicoterapeuta ideal não é senão uma centelha de pensamento ainda não concebido. Seja como for, falamos do que pode ser feito para ajudar os dementes dentro dos limites do alcançável. Enquanto estejam doentes podem e devem ser ajudados. Nada mais é pedido à psicoterapia; nada menos é pedido ao psicoterapeuta do que tudo o que tem de dar, uma vez que é Deus, Ele Mesmo, tudo o que tem de dar ao seu irmão, entendido como aquele que o salvará a ele, terapeuta, do mundo.

A cura é santa. Não há nada mais santo do que aquele que ajuda aquele que pede. E, por terem essa intenção, os dois se aproximam muito de Deus, não importa quão limitada, nem quão falha de sinceridade seja essa intenção. Onde dois se encontram reunidos para curar, aí está Deus. E, na verdade, Deus garantiu que ouviria e responderia. Podem eles estar seguros de que a cura é um processo dirigido por Ele, porque é a expressão da Sua Vontade. Sirvamo-nos da Sua Palavra para nos guiar, à medida que tentamos ajudar os nossos irmãos. Que não nos esqueçamos de que estamos indefesos face a nós mesmos, e apoiemo-nos numa força que está para além do nosso pequeno alcance, tanto para ensinar como para ajudar.

Um irmão que procura por ajuda pode trazer-nos dons que estão muito para além das alturas percebidas nos nossos sonhos. Oferece-nos a salvação, dado que vem a nós como Cristo, o Salvador. Aquilo que pede é pedido por Deus, através dele. E o que fazemos por ele, converte-se numa dádiva que fazemos a Deus. A sagrada petição de ajuda do santo Filho de Deus, na sua aparente desgraça, não pode deixar de ser respondida pelo Seu Pai. Ainda assim, precisa de uma voz através da qual a Sua Santa Palavra possa ser pronunciada, uma mão para alcançar o Seu Filho e tocar o seu coração. Num processo assim, quem poderia não curar? Esta santa interação é o plano do próprio Deus através do qual o Seu Filho é salvo.

Dois uniram-se. Agora, Deus cumpre as promessas que fez. Os limites postos pelo paciente e pelo terapeuta não contarão para nada, pois a cura teve início. O que eles têm de começar, o Seu Pai concluirá, uma vez que Ele nunca pediu mais do que um pouco de vontade, o mais pequeno avanço, o mais ligeiro murmúrio do Seu Nome. Pedir ajuda, seja qual for a forma adotada, nada mais é do que apelar a Ele. E Ele enviará a Sua Resposta através do terapeuta que melhor possa servir o Seu Filho em todas as necessidades presentes. Talvez a resposta não pareça ser um dom do Céu. Pode acontecer, até, que pareça um agravamento em vez de uma ajuda. Em qualquer caso, no caiamos no erro de nos permitirmos julgar os resultados.

Seja como for, as dádivas de Deus têm de ser recebidas. No tempo, não se podem fazer esforços em vão. Não nos é pedida perfeição nas nossas intenções de curar. Aliás, já nos estamos a enganar quando pensamos que há necessidade de curar. A verdade chegará através de alguém que parece estar a compartilhar o nosso sonho de doença. Ajudemo-lo a perdoar a ele mesmo os pecados com que se autocondenou sem justa causa. A cura dele é a nossa cura. E ao ver a impecabilidade, que está nele, surgir através do véu de culpabilidade que envolve o Filho de Deus, nele contemplaremos o rosto de Cristo e compreenderemos que não é mais do que a nossa própria face.

Permaneçamos em silêncio face à Vontade de Deus e façamos o que escolheu que fizéssemos. Só existe um caminho através do qual chegamos ao lugar onde começam todos os sonhos. E é aí que os largaremos e seguiremos em paz para sempre. Escuta um irmão a pedir ajuda e responde-lhe. Será a Deus que respondes, porque a Ele apelaste. Não há outra forma de ouvir a Sua Voz. Não há outra forma de procurar pelo Seu Filho. Não há outro caminho para te encontrares a ti mesmo. Santo é o acto de curar, dado que o Filho de Deus regressa ao Céu através do seu terno abraço, porque a cura diz-lhe, com a Voz que fala por Deus, que todos os seus pecados foram perdoados.

VI. A DEFINIÇÃO DA CURA

O processo da psicoterapia pode, então, ser definido simplesmente como o perdão, porque a cura não pode ser outra coisa. Os que não perdoam estão doentes, acreditando que não são perdoados. O apego à culpabilidade, o seu estreito abraço e a sua amorosa proteção, não são senão a implacável rejeição do perdão. -Deus não pode entrar aqui- é a sentença que os doentes repetem incessantemente, enquanto lamentam a Sua perda e se regozijam com ela. A cura produz-se quando um paciente começa a ouvir o canto fúnebre que entoa continuamente e se questiona acerca da sua validez. Até que o ouça, não pode entender que é ele mesmo que o canta para si mesmo. Escutar esse canto é o primeiro passo da sua recuperação. Questioná-lo tem de ser a sua escolha.

Há uma forte tendência para ouvir este canto de morte brevemente e, depois, deixá-lo escapar sem correção. Esta consciência passageira encarna as imensas oportunidades que nos são dadas para, literalmente, -mudar o disco-. O som da cura poderia ser ouvido, no seu lugar. No entanto, antes, tem de surgir a vontade de questionar a -verdade- do canto de condenação. As estranhas distorções que se agitam inextrincavelmente no autoconceito – que não é senão uma pseudocriação – convertem esse som horroroso em algo verdadeiramente belo. -O ritmo do Universo-, -o canto do anjo enviado- são ouvidos em vez dos alaridos discordantes.

O ouvido traduz, não ouve. O olho reproduz, não vê. A tarefa deles consiste em tornar agradável qualquer coisa, não importa quão desagradável possa ser. Olhos e ouvidos respondem às decisões da mente, reproduzindo os seus desejos e transformando-os em formas agradáveis e prazenteiras. Em algumas ocasiões, o pensamento que se encontra por detrás surge à superfície por um breve momento, o que provoca o pânico na mente e desencadeia a dúvida sobre a sua própria serenidade. Apesar disto, a mente não permitirá aos seus escravos alterar as formas para onde olham e alterar os sons que ouvem. Estes são os seus -remédios-, as suas -salvaguardas- da loucura.

Estes testemunhos fornecidos pelos sentidos têm apenas um propósito: justificar o ataque e, assim, manter o ódio naquilo que é reconhecido como tal. Se fosse visto sem disfarce e sem proteção, não poderia resistir. Eis aqui, pois, a doença acarinhada, mas sem que tal se reconheça. Porque, quando um ódio permanece sem ser reconhecido, a forma que adquire parece ser outra coisa. E, agora, é essa -outra coisa- que parece produzir o terror. Mas não é essa -outra coisa- que pode ser curada. Não está doente e não precisa de remédio. Concentrar nisso todos os esforços de cura é totalmente inútil. Quem poderia curar o que não pode adoecer, e fazê-lo bem?

A doença adquire múltiplas formas, tal como o ódio. As formas de um reproduzem as formas do outro, uma vez que são a mesma ilusão. Uma reproduz a outra tão fielmente que um estudo atento da forma adotada por uma doença mostra, com suficiente claridade, a forma de ódio que representa. No entanto, ver isto não trará a cura. Esta é alcançada, unicamente, graças a um reconhecimento: só o perdão cura o ódio, e só o ódio pode gerar a doença.

Este reconhecimento é a meta final da psicoterapia. Como se alcança isto? O terapeuta vê no paciente tudo o que não conseguiu perdoar a si mesmo e, assim, recebe uma nova oportunidade de contemplar isso, de voltar a abri-lo, reavaliar e perdoar. Quando isto ocorre, vê os seus pecados como que atirados para um passado que já não está aqui. Até que faça isto, não pode deixar de ver o mal acossando-o por todos os lados. O paciente é a tela sobre a qual se projetam todos os seus pecados, permitindo-lhe, assim, que se vão. Se decide reter uma só partícula de pecado naquilo que vê, a sua libertação é parcial e não será segura.

Ninguém é curado sozinho. Este é o belo canto que a salvação entoa a todo aquele que quiser ouvir a sua Voz. Esta afirmação nunca será demasiadamente recordada por todos os que se vêem a si mesmos como terapeutas. Os seus pacientes não podem ser observados senão como portadores do perdão, porque são eles que vêm para manifestar a sua impecabilidade aos olhos que ainda crêem que existe pecado que contemplar. A prova da impecabilidade, vista no paciente e aceite no terapeuta, oferece, a ambos, um lugar onde se encontram, se unem e são como um.

VII. A RELAÇÃO IDEAL PACIENTE-TERAPEUTA

Quem é, então, o paciente, e quem é o terapeuta? No final, são sempre ambos. Aquele que necessita de cura tem de curar. O médico cura-se a si mesmo. Quem mais pode curar? E quem mais precisa de ser curado? Cada paciente que vem a um terapeuta oferece-lhe a oportunidade dele próprio se curar. O paciente é, em consequência, o terapeuta. E todos os terapeutas têm de aprender a curar através de cada paciente que vem até ele. Assim, este converte-se no paciente dele. Deus não conhece separação. A sua sabedoria reflete-se na relação ideal paciente-terapeuta. Deus acode àquele que chama e Nele se reconhece a Si mesmo.

Pensai cuidadosamente, professores e terapeutas, por quem rezais e quem precisa de cura. Porque a terapia é oração, e a cura é o seu objectivo e o seu resultado. O que é a oração senão a união de várias mentes numa relação na qual Cristo pode entrar? Este é o seu Domicílio, para o qual o psicoterapeuta o convida. O que é a cura de um sintoma, quando há sempre algum outro para escolher? Mas, uma vez Cristo presente, que outra escolha pode haver a não ser a de que Ele permaneça connosco? Não há necessidade de mais nada, uma vez que isto é tudo. A Cura está aqui, e a felicidade e a paz. Estes são os -sintomas- da relação ideal paciente-terapeuta, que substituem aqueles que o paciente trazia quando veio em busca de ajuda.

O processo produzido na relação é, na realidade, aquele em que o terapeuta se dirige ao coração do paciente para lhe dizer que todos os seus pecados foram perdoados, juntamente com os seus próprios. Qual poderia ser a diferença entre curar e perdoar? Só Cristo perdoa porque conhece a sua impecabilidade. A Sua visão cura a percepção, e a doença desaparece. Jamais voltará, uma vez que a sua causa tenha sido eliminada. Isto, no entanto, necessita da ajuda de um terapeuta muito avançado, capaz de unir-se ao paciente numa relação santa, onde qualquer sentimento de separação é finalmente superado.

Para isto, uma coisa, apenas uma coisa é necessária: que, em nenhum caso e de nenhuma maneira, o terapeuta se confunda com Deus. Todos os -curadores não curados- caem nesta confusão fundamental de uma ou de outra forma, porque se vêem a si mesmos autocriados em vez de criados por Deus. Esta confusão é muito rara, senão impossível, numa certa consciência, pois, então, o curador não curado converter-se-ia, nesse momento, num professor de Deus, dedicando a sua vida à função da verdadeira cura. Antes de alcançar este ponto, ele pensava estar a cargo do processo terapêutico e, portanto, que era o responsável pelo resultado. Os erros dos seus pacientes convertiam-se nos seus próprios fracassos, e a culpa, obscura e forte, instalava-se ocupando o lugar do que deveria ter sido a santidade de Cristo. A culpa é inevitável naqueles que utilizam os seus julgamentos para tomar as suas decisões. A culpa é impossível naqueles através dos quais o Espírito Santo fala.

A superação da culpabilidade é o verdadeiro objectivo da terapia e o óbvio objectivo do perdão. Nisto pode ser vista, claramente, a sua unicidade. Portanto, quem é que, ao sentir-se responsável por ser guia de um irmão, poderia experimentar o fim da sua culpabilidade? Tal função pressupõe uma sabedoria que ninguém, aqui, pode albergar; uma certeza do passado, presente e futuro, bem como de todos os efeitos que poderiam ocorrer através deles. Somente desde este ponto de vista omnisciente se poderia representar um papel assim. Como nenhuma percepção é omnisciente, nenhum diminuto ego, sozinho contra todo o universo, é capaz de tal sabedoria, excepto na loucura. Que muitos terapeutas estão poucos, é óbvio. Nenhum curador não curado pode estar totalmente equilibrado.

Por conseguinte, é tão demente não aceitar a função que Deus te deu, como inventar uma outra que Ele não te deu. O terapeuta avançado não pode duvidar, seja de que maneira for, do poder que alberga no seu interior. Tão pouco pode duvidar da sua Fonte. Compreende que todo o poder da terra e do Céu lhe pertence em função do que ele é. E isto é assim graças ao seu Criador, Cujo Amor está nele, o Qual não pode fracassar. Pensa no que isto significa: possuir os dons de Deus para, por sua vez, lhos restituir. Os seus pacientes são santos de Deus que apelam à santidade do terapeuta para que se torne sua. E, ao dá-la, ambos contemplam a face de Cristo resplandecer por ter chegado até eles.

Os dementes, porque crêem ser Deus, não se assustam por oferecer debilidade ao Filho de Deus. Mas, o que vêem Nele, aterroriza-os precisamente por isso. O curador não curado não pode sentir senão medo dos seus pacientes e suspeitar deles devido à traição que vê em si mesmo. Ele tenta curar, e pode até acontecer que, uma vez ou outra, o consiga. Mas só terá êxito até certo ponto e por um período muito curto de tempo. Não vê o Cristo que está nele e que chama por ele. Que resposta se pode dar a alguém que parece ser um estranho por estar afastado, ele mesmo, da verdade e por ser pobre em sabedoria, sem o Deus que haveria de lhe ser dado? Contempla o teu Deus nele, porque o que vires será a tua Resposta.

Pensa no que significa realmente a união de dois irmãos. E, então, esquece o mundo, todos os pequenos triunfos e os seus sonhos de morte. Os que são o mesmo são um, e nada que pertença ao mundo da culpabilidade pode agora ser recordado. O casebre transforma-se num templo e a vereda num caudal de estrelas que arrastam e desvanecem todos os sonhos de doença. A cura é um facto, porque o que é perfeito não precisa de cura. E o que sobra para perdoar onde nunca houve pecado?

Sente-te agradecido, terapeuta, por poderes ver tais coisas desta maneira, se compreendes minimamente qual é o teu autêntico papel. Porque, se falhas nisto, terás negado que Deus te criou e, assim, não saberás que és o Seu Filho. Quem é, agora, o teu irmão? Que santo poderá vir para te conduzir a casa? Terás perdido o teu rumo. E poderias ver nele uma resposta que tu te negaste a dar? Cura e serás curado. Nenhum outro caminho poderá levar-te à paz. Deixa entrar o teu paciente, porque vem da parte de Deus. Não será a sua santidade suficiente para despertar a tua memória Dele.

. A PRÁTICA DA PSICOTERAPIA

I. A ESCOLHA DOS PACIENTES

Cada um dos que te são enviados é um dos teus pacientes. Todavia, isto não significa que sejas tu a escolhê-lo ou a decidir acerca do tipo de tratamento que lhe convém. Significa, sim, que ninguém vem a ti por engano. Não existe erro no plano de Deus. Pelo contrário, seria um erro assumir que sabes o que deves oferecer a todo aquele que chega a ti. Não te compete decidir sobre isto. Existe uma tendência a assumir que tens de sacrificar-te constantemente por quem vem a ti. Isto, dificilmente poderia ser verdade. Exigires um sacrifício a ti mesmo, seria exigir um sacrifício a Deus, e Ele nada sabe sobre o sacrifício. Quem apelaria pela Perfeição, sendo ele mesmo imperfeito?

Então, quem é que decide o que cada irmão precisa? Tu não, certamente, uma vez que ainda és incapaz de reconhecer quem é aquele que pede. Há algo nele que te dirá, se o ouvires. E esta é a resposta: ouvir. Não exijas, não decidas, não sacrifiques. Ouve. O que ouves é verdade. Acaso Deus te enviaria o Seu Filho sem estar seguro de que compreenderias as suas necessidades? Pensa no que Deus te disse: Ele necessita da tua voz para que fales por Ele. Alguma outra coisa poderia ser mais santa? Ou haver um dom maior para ti? Preferirias poder escolher quem deve ser deus, ou, pelo contrário, preferirias escutar a Voz Daquele que é Deus em ti?

Os teus pacientes não precisam de estar fisicamente presentes para que os sirvas em Nome de Deus. Isto pode ser difícil de recordar, mas Deus não limitaria os Seus dons aos poucos que podes ver. Podes ver outros igualmente, porque a visão não se limita aos olhos do corpo. Alguns não precisam da tua presença física. Precisam de ti tanto quanto os outros, ou talvez mais, no momento em que te são enviados. Reconhecê-los-ás na forma que seja mais útil para ambos. Não importa a forma como vêm. Serão enviados na forma que mais ajude: um nome, um pensamento, uma imagem, uma ideia, ou talvez apenas a vontade de estenderes a tua mão a alguém, em algum lugar. A reunião está nas mãos do Espírito Santo. Não pode deixar de cumprir-se.

Um santo terapeuta, um professor avançado de Deus nunca se esquece de uma coisa: não foi ele que realizou o plano de salvação, nem estabeleceu qual seria a sua própria função dentro dele. Compreende que a sua participação é necessária ao todo e que, através dela, reconhecerá o todo quando essa participação tiver sido completada. Entretanto, tem de aprender, e os seus pacientes são os meios que lhe são enviados para tal aprendizagem. Como é que, então, não haveria de estar agradecido a eles e por eles? Vêm com Deus. Trocaria esta Dádiva por uma ninharia, ou acaso fecharia a porta ao Salvador do mundo para deixar entrar um fantasma? Não permitas que o Filho de Deus seja atraiçoado. Quem te incita a fazer isto está muito para além da tua compreensão. Portanto, não se regozijaria esse terapeuta de poder responder, quando só assim será capaz de ouvir o chamamento e compreender que é o seu próprio chamamento?

II - A PSICOTERAPIA É UMA PROFISSÃO?

Falando rigorosamente, a resposta é: não. Como poderia uma profissão separada ser uma na qual o mundo inteiro está implicado? E como poderia limitar-se a uma interação na qual todos são, simultaneamente, pacientes e terapeutas em cada relação que empreendem? Portanto, em termos práticos, pode dizer-se que existem aqueles que, de uma ou de outra forma, se dedicam principalmente à cura. E é a eles que muitos outros recorrem em busca de ajuda. Isto, com efeito, é a prática da terapia. Estes são, por conseguinte, os terapeutas -oficiais-. Consagram-se a determinados tipos de necessidades nas suas atividades profissionais, ainda que poderiam ser professores muito mais capazes fora delas. Estas pessoas, evidentemente, não precisam de normas especiais, mas poderiam ser convocados a usar aplicações especiais dos princípios gerais da cura.

Em primeiro lugar, ser terapeuta profissional é estar numa excelente posição para demonstrar que não existem graus de dificuldades na cura. Para isto, todavia, necessita de um treino especial, uma vez que o plano de ensino mundano que pretendeu fazer dele um terapeuta, não lhe permitiu aprender muito acerca dos reais princípios da cura. De facto, provavelmente, ensinou-lhe como fazer da cura algo impossível. A maior parte do ensinamento do mundo está baseado no julgamento, cujo objectivo é fazer do terapeuta um juiz.

Mas até isto pode ser utilizado pelo Espírito Santo, o que Ele fará se lhe for dada a mínima oportunidade. O curador não curado pode ser arrogante, egoísta, não se envolver ou ser desonesto. Pode até acontecer que o seu objectivo principal não seja a cura. Apesar de tudo isto, algo se passou com ele, sem dúvida, quando decidiu ser curador, não importa quão insignificante tenha sido então, tal como não importa quão desencaminhado esteja agora. Esse -algo- é suficiente. Mais tarde ou mais cedo, esse algo aparecerá e crescerá; um paciente tocará o seu coração e o terapeuta pedir-lhe-á ajuda, em silêncio. Um terapeuta ter-se-á encontrado em si mesmo. Terá pedido que o Espírito Santo entre e cure a relação. Terá aceitado a Expiação para si mesmo.

Diz-se que Deus viu o que tinha criado e compreendeu que era bom. Isto, definitivamente, não é assim. Declarou-o perfeito, assim foi! E como as Suas criações não mudam e duram para sempre, assim é agora. Ainda assim, terapeuta e paciente perfeitos, não podem existir. Ambos terão renegado a sua perfeição, porque a enorme necessidade que sentem um do outro implica um claro sentimento de carência. Uma relação entre dois não é Uma Relação. Todavia, é o meio para o retorno; o caminho que Deus escolheu para o regresso do Seu Filho. Neste sonho estranho deve ocorrer uma estranha correção, porque somente isto é o chamamento para despertar. E que outra coisa deveria ser a terapia? Desperta e desfruta, porque todos os teus pecados foram perdoados. Esta é a única mensagem que duas pessoas sempre deveriam transmitir uma à outra.

Algo de bom tem de emergir em cada encontro entre terapeuta e paciente. E este -algo de bom- é salvaguardado para ambos, até ao dia em que sejam capazes de reconhecer que só isso é real na sua relação. Nesse momento, isso é-lhes devolvido, abençoado pelo Espírito Santo, como um dom do seu Criador e como prova do Seu Amor. Porque a relação terapêutica tem de tornar-se como a relação que existe entre o Pai e o Filho. Não há outra, porque não há nada mais. Os terapeutas deste mundo não aspiram a este desenlace, e muitos dos seus pacientes não poderiam aceitar a sua ajuda se assim fizessem. Mas, realmente, nenhum terapeuta estabelece o objectivo das relações em que está envolvido. A sua compreensão inicia-se ao reconhecer isto, e é partindo deste ponto que começa a crescer.

A cura verifica-se no preciso momento em que o terapeuta se esquece de julgar o paciente. Em certas relações, este ponto nunca é alcançado, ainda que ambos possam ter alterado os seus sonhos durante o processo. Mas não é o mesmo sonho para ambos e, portanto, não é o sonho de perdão no qual, um dia, ambos despertarão. O bem é salvaguardado. Mas poupa-se muito pouco tempo. Os novos sonhos perderão o seu atrativo temporal para voltarem a ser sonhos de medo, que é o conteúdo de todos os sonhos. Assim, nenhum paciente pode aceitar mais do que está disposto a receber, e nenhum terapeuta pode oferecer mais do que julga ter. Assim, há lugar para todas as relações neste mundo, sendo que o bem que aportam depende do que cada um aceite e utilize.

Por conseguinte, é quando o julgamento cessa que a cura ocorre, porque só então se pode compreender que não há graus de dificuldade na cura. Esta é uma compreensão necessária ao curador curado. Terá aprendido que não é mais difícil despertar um irmão de um certo sonho do que de outro. Nenhum terapeuta profissional pode manter este entendimento na sua mente, de forma consistente, com o intuito de o oferecer a quem quer que venha a ele. Alguns há que se aproximaram bastante, mas preferiram não aceitar a dádiva totalmente, permitindo assim que a sua compreensão permanecesse na terra até ao fim do tempo. Dificilmente poderiam ser chamados terapeutas profissionais. Esses, são os santos de Deus. São os Salvadores do mundo. A sua imagem permanece porque assim escolheram. Tomam o lugar de outras imagens e ajudam com sonhos doces.

– Uma vez que o terapeuta profissional tenha compreendido que as mentes estão unidas, não pode deixar de entender que, na cura, os graus de dificuldade não têm sentido. Mas, muito antes que isto seja alcançado no tempo, ele pode partir ao seu encontro. Muitos instantes santos podem ser seus, ao longo do caminho. Uma meta marca o final de uma jornada, não o seu início. E, à medida em que cada meta é alcançada, uma outra, nova, pode ser vista no horizonte. A maioria dos terapeutas profissionais, todavia, estão muito no início da primeira etapa da primeira jornada. Inclusivamente, aqueles que começaram a compreender o que têm de fazer, ainda podem tropeçar na forma de fazê-lo. Mas todas as leis da cura podem ser suas, num instante. A jornada somente é longa nos sonhos.

– O terapeuta profissional tem, no entanto, uma vantagem que pode economizar imenso tempo se for corretamente utilizada. Terá escolhido um caminho em que surgem grandes tentações de desvirtuar o seu papel. Mas, se evitar a tentação de assumir uma função que não lhe corresponde, isso permitir-lhe-á superar rapidamente muitos dos obstáculos que atrapalham a sua chegada à paz. Para compreender que não existem graus de dificuldade na cura, tem, também, de reconhecer a sua igualdade com o paciente. Nisto, não há meios termos. Ou são iguais ou não são. No entanto, as tentativas dos terapeutas para se comprometerem neste sentido são, na verdade, estranhas. Alguns utilizam a relação somente para congregar corpos que adorem a sua figura e crer que são a salvação. Mas também é verdade que muitos pacientes consideram salvador este estranho procedimento. Apesar disto, em cada encontro sempre há Um Que diz: -Irmão, escolhe outra vez-.

Não te esqueças de que qualquer forma de especialismo tem de ser defendida, e sê-lo-á. O terapeuta indefeso tem a força de Deus com ele, mas o terapeuta que se defende terá perdido de vista a fonte da sua salvação. Não pode ver nem ouvir. Como é que, então, poderia ensinar? Porque a Vontade de Deus é que assuma a sua parte no plano para a salvação. Porque a Vontade de Deus é que o seu paciente seja ajudado a unir-se com ele. Porque a sua incapacidade para ver e ouvir não limita o Espírito Santo, seja de que maneira for. Excepto no tempo. No tempo, de facto, pode haver um enorme lapso entre o oferecimento e a aceitação da cura. Este é o véu sobre a face de Cristo. Todavia, tudo isto é uma ilusão, já que o tempo não existe e a Vontade de Deus sempre tem sido exactamente como é.

III - A QUESTÃO DOS HONORÁRIOS

Ninguém pode pagar pela terapia, porque a cura é de Deus e Ele não pede nada. No entanto, faz parte do Seu plano que tudo neste mundo seja utilizado pelo Espírito Santo para ajudar a realizar esse plano. Até um terapeuta avançado tem certas necessidades terrenas, enquanto permanece aqui. Se precisa de dinheiro, ele ser-lhe-á dado, não como pagamento, mas para o ajudar a servir melhor os propósitos do plano. O dinheiro não é um mal; não é nada. Mas ninguém pode viver sem ilusões, uma vez que ainda temos que pugnar para que todos, em todo o lado, aceitem a última ilusão. Isto tem um peso enorme no que se refere a este propósito, para o qual cada um veio aqui. Permanece nesta terra apenas para isto. E, enquanto aqui estiver, tudo aquilo de que necessite durante a sua estadia ser-lhe-á proporcionado.

Só um curador não curado procura curar por dinheiro. E não terá êxito na mesma medida em que valorize esse dinheiro. Sequer encontrará a sua cura neste processo. Alguns haverá a quem o Espírito Santo pedirá um pagamento pelo Seu Propósito. Haverá outros a quem Ele não pedirá nada. Mas nunca será o terapeuta a decidir sobre estas assuntos. Há uma diferença entre pagamento e preço. Dar dinheiro onde o plano de Deus impera, não tem qualquer preço. Retê-lo ou impedir que chegue onde pertence por direito, tem um preço enorme. Terapeuta que faça isto perde o direito a esta designação, porque não compreende o que é a cura. Se não pode dar dinheiro também não pode recebê-lo.

Na verdade, os terapeutas deste mundo não têm qualquer utilidade para a salvação do mundo. Pedem e, portanto, não podem receber. Os pacientes pagam apenas por um intercâmbio de ilusões. Isto, sim, exige pagamento e o seu preço é enorme. Uma relação -comprada- não pode oferecer a única dádiva capaz de alcançar a cura. O perdão, o único sonho do Espírito Santo, não pode ter preço. Se o tiver, o único que faz é voltar a crucificar o Filho de Deus. Poderá ser esta a forma como será perdoado? E é esta a forma em que o sonho de pecado acabará?

Ninguém tem que lutar pelo direito à vida. Isto foi prometido e está garantido por Deus. Por conseguinte, é um direito que terapeuta e paciente compartilham totalmente. Se a sua relação terá de ser santa, aquilo que um precisa, o outro dá; aquilo que um necessita, o outro fornece. É assim que a sua relação se torna santa, porque é assim que ambos são curados. O terapeuta paga ao paciente com a sua própria gratidão e o paciente responde com a dele. Não tem qualquer custo para ambos. Mas ambos se fazem credores de um imenso agradecimento pela libertação de um cativeiro e pelo fim da dúvida. Quem não estaria agradecido com tal dádiva? Mais ainda: quem poderia imaginar que algo assim pudesse ser comprado?

Foi dito claramente que, àquele que necessite, lhe será dado. É porque tem, que pode dar. E porque dá, receberá. Esta é a lei de Deus e não a do mundo. Portanto, é a lei dos curadores de Deus. Dão porque ouviram o Seu Mundo e compreenderam-no. Assim, tudo aquilo de que necessitam lhes será dado. No entanto, perderão totalmente esta compreensão se, por um momento, se esquecerem de que tudo o que têm provêm de Deus. Se acreditam que precisam de alguma coisa de algum irmão, deixarão de poder reconhecê-lo como tal. E se tal fazem, até no Céu se apaga uma luz. Onde o Filho de Deus se volta contra si mesmo, somente existe escuridão. Terá negado a luz a si mesmo, e não pode ver.

Uma regra deve ser sempre observada: ninguém deve ser recusado por não poder pagar. Ninguém é enviado a alguém por acidente. Todas as relações têm sempre um propósito. Independentemente do que possam ter sido antes da chegada do Espírito Santo, continuam a ser o Seu templo potencial; o lugar de descanso de Cristo, o espaço do próprio Deus. Quem quer que tenha chegado, foi enviado. Talvez tenha sido enviado para proporcionar ao seu irmão o dinheiro de que ele precisava. Nisso, ambos serão abençoados. Ou, então, foi enviado para ensinar ao terapeuta o quanto ele estava precisado de perdão, e, comparando, quão pouco valioso é o dinheiro. De novo, ambos serão abençoados. Somente em termos de preço, um poderia ter mais do que o outro. Ao compartilharem, todos ganham uma bênção que não tem preço.

Esta noção de pagamento poderá ser pouco prática, e aos olhos do mundo sê-lo-á. Todavia, na verdade, nem um só pensamento do mundo é realmente prático. Quanto se pode ganhar por lutar pelas ilusões? Quanto se perde quando se abandona Deus? E, acaso, é possível fazer isto? Certamente não é prático lutar por nada, tal como não é lutar pelo impossível. Portanto, paremos um momento, mas o suficiente para pensar no seguinte: talvez tenhas andado à procura da salvação sem saberes onde procurar. Interessa pouco quem te pede ajuda; ele ou ela podem ensinar-te onde deves procurá-la. Que maior dádiva poderia ser-te oferecida? Que maior dádiva poderias tu oferecer?

Os médicos, curadores, terapeutas, professores, curam-se a si mesmos. Muitos virão a ti portando o dom da cura, se te decidires por ela. O Espírito Santo nunca recusará um convite para entrar e para permanecer junto de ti. Dar-te-á inúmeras oportunidades para que abras a porta à salvação, porque essa é a função Dele. Dir-te-á, também, em todas e em cada uma das circunstâncias, e em qualquer momento, qual é exatamente a tua função. Quem quer que seja que Ele te envie encontrar-te-á e oferecerá a sua própria mão ao seu Amigo. Permite que o Cristo em ti o convide a entrar porque, esse mesmo Cristo que está nele, é igual ao que está em ti. Recusa-lhe a entrada e terás negado o Cristo em ti. Recorda a triste história do mundo e as alegres notícias da salvação. Recorda o plano de Deus para a restauração da alegria e da paz. E jamais te esqueças de quão simples são os caminhos de Deus:
Estavas perdido na escuridão do mundo até que pediste luz.
E, então, Deus enviou o Seu Filho para ta dar.





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