O Pequeno Jardim




          É apenas a consciência do corpo que faz o amor parecer limitado. Pois o corpo é um limite para o amor. A crença no amor limitado foi a sua origem e ele foi feito para limitar o ilimitado. Não penses que isso é apenas alegórico, pois ele foi feito para limitar a ti. E possível que tu, que te vês dentro de um corpo, conheças a ti mesmo como uma ideia  Tudo o que reconheces identificas com coisas externas, algo fora de ti. Não podes sequer pensar em Deus sem um corpo ou alguma forma que pensas reconhecer.

          O amor não conhece corpos e alcança todas as coisas criadas como ele próprio. Sua total falta de limites é o seu significado. Ele é completamente imparcial no que dá, abrangendo apenas para preservar e manter completo aquilo que quer dar. No teu reino diminuto tu tens tão pouco! Nesse caso, não deveria ser para lá que deverias chamar o amor para que ele entre? Olha para o deserto —seco e improdutivo, alquebrado e sem alegria — que compõe o teu pequeno reino. E reconhece a vida e a alegria que o amor traria a ele do lugar de onde vem e para onde retornaria contigo.

        O Pensamento de Deus cerca o teu pequeno reino, aguardando na barreira que tu construíste para vir para dentro e brilhar sobre a terra estéril. Vê como a vida brota em toda parte! O deserto vem a ser um jardim, verde e profundo e quieto, oferecendo descanso àqueles que per-deram o seu caminho e vagam no pó. Dá-lhes um local de refúgio, preparado pelo amor para eles onde antes havia um deserto. E cada um a quem dás boas-vindas trará amor com ele do Céu para ti. Eles entram um por um nesse lugar santo, mas não partirão como vieram, sozinhos. O amor que trouxeram consigo ficará com eles, assim como ficará contigo. E sob a sua beneficência, o teu pequeno jardim se expandirá e alcançará a todos os que tem sede da água viva, mas estão por demais cansados para seguirem adiante sozinhos.

          Sai e acha-os, pois trazem consigo o teu Ser. E conduze-os gentilmente ao teu jardim de quietude e lá recebe a sua benção. Assim ele crescerá e se espalhará através do deserto, sem deixar nem sequer um pequeno reino isolado, trancado para o amor, contigo lá dentro. E reconhecerás a ti mesmo e verás o teu pequeno jardim gentilmente transformado no Reino do Céu com todo o amor do seu Criador brilhando sobre ele.

          O instante santo é o teu convite para que o amor entre em teu reino desolado e sem alegria e o transforme em um jardim de paz e boas-vindas. A resposta do amor é inevitável. Ela virá porque tu vieste sem o corpo e não interpuseste nenhuma barreira que interferisse com a sua vinda alegre. No instante santo, só pedes ao amor o que ele oferece a todas as pessoas, nem mais nem menos. Pedindo tudo, tu o receberás. E o teu Ser resplandecente elevará o aspecto diminuto que tentaste ocultar do Céu diretamente para o Céu. Nenhuma parte do amor chama pelo todo em vão. Nenhum Filho de Deus permanece fora da Sua Paternidade.
( UCEM - Cap. 18)

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